sábado, 26 de maio de 2012

Cantinho da memória: Lembrando o ilustre bambuiense Coronel Antero


Lucy Costa e FernandesPinto
Edna Torres
Colaboração de:
Dalmo Torres e Maria Luiza Torres


Ficha de identificação

Nome: Antero Torres
Filiação: Antônio José Torres e Maria Jacynta D’Annunciação
Naturalidade: Bambuhy/MG
Data de nascimento: 02 de agosto de 1873


Rodeado de parentes e amigos, Antero Tôrres, passou a infância em Bambuí, numa vida tranqüila como era a das pequenas vilas de então.

Naquela época era muito difícil mandar os filhos estudar fora, devido à grande distância das cidades onde havia colégios e à precariedade dos meios de transporte. Apesar disso, seu pai, o Coronel Tôrres, fez questão que seus filhos estudassem.

Antero Tôrres foi para o Caraça, então o melhor educandário de Minas Gerais, dirigido por padres franceses e portugueses, Lazaristas, da Congregação das Missões.

Do Caraça, Antero Tôrres foi para Mariana, onde concluiu o curso preparatório. Dali partiu para o Rio de Janeiro, estudando três anos na Escola de Direito.

Para se sustentar, dava aulas de francês no colégio dos padres Lazaristas em Rio Comprido.

Com sua inteligência brilhante, tornou-se um grande humanista e exímio latinista. Falava corretamente francês e espanhol.

Voltando para Bambuí, já familiarizado com as leis, tornou-se “Provisionado”, título que se dava a quem, através de provas, era autorizado a exercer a profissão de Advogado, sem ser Bacharel em Direito.

Lutou com grande dificuldade em um município novo, cujo movimento forense era insignificante. Mas persistente e trabalhador, tornou-se bem depressa imbatível na Tribuna Judiciária, onde seus colegas raramente conseguiam superá-lo. Assim, estendeu seu trabalho produtivo, correto e íntegro, militando em outras comarcas da região e até mais longe, como em Patrocínio e Coromandel. Nesta cidade há uma rua que tem seu nome, como homenagem a esse ilustre cidadão. Foi além das fronteiras do Estado: em Catalão, Estado de Goiás, ainda há no cartório, processos trabalhados por ele.

Casou-se com Dona Alcida Augusta Tôrres em 13 de fevereiro de 1897. Deste enlace nasceram: Euríalo (o Lico), Antônio (o Totônio), Iracema, Maria Augusta (a Pepita), Niso, Salatiel, Hermógenes (o Moge), Sinfrônio (o Fão) e Antero.

Dona Alcida faleceu em 19 de janeiro de 1912.

Antero Tôrres casou-se em segundas núpcias com Dona Maria Guimarães Tôrres em abril de 1915. Deste casamento nasceram os seguintes filhos: Mozart, Wilson, Jubal, Luiza de Marilac, as gêmeas Alcida e Alcira (Dada e Didi), Inês e Maria Jacinta.

Tal como seu pai, preocupou-se com a educação de seus filhos. Fez questão que todos estudassem. Três foram como ele, advogados. Um médico, com título de doutor em medicina, por ter se aprofundado mais nos estudos. Dois engenheiros, dois cirurgiões dentistas, um fazendeiro e as mulheres professoras.

Aos filhos, além dos estudos, transmitiu o seu exemplo de vida, a sua fé, o seu amor à família, o seu modo de ser cidadão com um entranhado amor à terra e à sua gente. Forjou uma família de pessoas leais, amigas, cultas, sempre dedicadas ao engrandecimento de Bambuí.

Foi Agente Administrativo, cargo que corresponde hoje a Prefeito, exercendo seu mandato de 1909 a 1912.

Editou nessa década o primeiro jornal de Bambuí, “O Pharol” – do qual era o redator chefe. Mais tarde fez circular outro jornal A Voz de Bambuhy.

Nesses tempos da República Velha a absoluta dependência dos municípios em relação aos governos estaduais produziu chefes políticos locais, que amparados pelos poderes do Estado, conduziam a política local com ferocidade, tratando seus adversários com grande hostilidade. É dessa época um dito atribuído a um político mineiro: “para os amigos pão, para os inimigos pau.” Como conseqüência dessa conjuntura enfrentou dias turbulentos, próprios dessa época infame de abusos e desmandos.

Foi perseguido, mas ganhou a afeição de seus companheiros e o respeito dos adversários, por sua coragem nas dificuldades, por sua lealdade aos amigos, por sua retidão de caráter, por sua forte personalidade.

Faleceu no dia 10 de novembro de 1937.

O cortejo para o cemitério local foi longo. Havia muitas pessoas desta cidade e das cidades vizinhas. Falou à beira do túmulo o colega advogado Dr. Jadir Brito da Silva e a Senhorita Maria Melo, em nome do Grupo Escolar “José Alzamora”.

Uma parte de sua casa ainda permanece de pé, à Rua Antero Tôrres, 217. Também ainda estão lá as árvores plantadas por ele e cuidadas com tanto carinho.

Essa rua tem seu nome, numa justa homenagem de Bambuí ao seu filho ilustre.

Lucy é filha adotiva do Totônio e da Juracy.
Edna, Dalmo e Maria Luiza são netos do Antero
e da Alcida, filhos do Niso e da Alda.
Todos moram em Bambuí.
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Bibliografia
Arquivos da família Torres
Revista Acaiaca: Artigo assinado por Antônio Montijo e João Licínio da Silva
O Pharol   Ano 2, nº. 47  14 de abril de 1918 (Hemeroteca do Estado de Minas Gerais)
O Eco nº. 168 - 18 de novembro de 1937: Artigo assinado por E. Mourão
Folhetos do Santuário do Caraça de 1992 e do 2º semestre de 2005
Leal, Vitor Nunes – Coronelismo. Enxada e Voto
Silva, Lindiomar J. – Bambuí nas trilhas da Picada de Goiaz

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